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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Os círculos viciosos da mobilidade urbana

Por Eduardo M.R.Lopes

Ano após ano, a situação no trânsito nas grandes cidades brasileiras vem tornando-se cada vez mais caótica, onde engarrafamentos em qualquer horário do dia, e não apenas no que já foi considerado “horário do rush” (a ida e a volta do trabalho), já fazem parte da rotina diária de milhões de brasileiros.

O fato novo é que nas últimas semanas, movidos pelo estopim que foi o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, o povo brasileiro resolveu sair do estado de hibernação em que se encontrava e literalmente invadiu as ruas em várias cidades, tomando o espaço anteriormente ocupado por carros, ônibus e caminhões, para criarem um gigantesco e belíssimo “engarrafamento” de cidadãos dispostos a mostrar o seu descontentamento com os desmandos dos nossos governantes e clamar por mudanças urgentes.

No meio deste novo tipo de engarrafamento, muitos se deram conta de que a velocidade com que caminhavam pelas ruas e avenidas não era muito diferente da velocidade com que carros, ônibus e caminhões estariam circulando naquele mesmo horário se ali estivessem. Afinal de contas, ao longo dos últimos anos, nossos ilustríssimos governantes têm preferido priorizar incentivos fiscais para beneficiar o setor automotivo, e assim colocar ainda mais carros nas ruas, do que investir em infraestrutura para promover um transporte público de qualidade. Sinceramente, acreditar que o aumento da venda de veículos gerará para a economia um ganho maior do que investir na construção de novas linhas de metrô ou de corredores exclusivos de ônibus, por exemplo, não parece um racional muito sensato que visa beneficiar a população e o país como um todo no médio e longo prazo. O ato de abrir mão ou então postergar estes investimentos significa automaticamente hipotecar uma parcela importante do nosso desenvolvimento econômico e nos deixar tal e qual os ratinhos de laboratório, correndo ad eternum numa infinita esteira giratória, presos para todo sempre num grande círculo vicioso.

O custo desta miopia é alto e o preço a pagar através dos efeitos colaterais advindos dela reflete-se na perda gradual de produtividade dos brasileiros. A conta é muito simples: se a maioria da população demora em média bem mais de uma hora para se deslocar de casa para o trabalho, o rendimento durante o expediente já ficará comprometido pelo próprio estresse e o cansaço provocados pelo trânsito. Além disso, mais tempo nos engarrafamentos significa menos tempo estudando, o que dificultará uma melhora na qualificação e a consequente promoção ou recolocação do profissional no mercado de trabalho. Soma-se a isto o tempo maior que a população estará exposta à poluição (sem falar nos assaltos e arrastões) e acrescente então mais doenças, o que reforçará as estatísticas de absenteísmo (falta ao trabalho). E no final, além da diminuição na produtividade e o aumento do estresse, mais tempo no trânsito significa menos lazer, menos tempo com a família e, é claro, menos consumo no que as cidades têm de bom para oferecer. Ou seja, todos perdem, mas alguns poucos devem ganhar alguma coisa.

A moral da história é que não dá mais para o país continuar trabalhando na base do “oito ou oitenta”, privilegiando demasiadamente um setor em detrimento de outro que lhe é absolutamente complementar. A harmonia, sim, é possível e deve ser perseguida a todo custo, pois a diferença entre conseguir e não conseguir está justamente na mesma proporção em que um país pode ser considerado desenvolvido ou não. Mais do que nunca, o futuro só depende de nós.

Obs. Esta coluna é publicada quinzenalmente no portal Logweb.

domingo, 16 de junho de 2013

A falta de motoristas e as cascas de banana no meio do caminho

Minha última coluna no portal Logweb:

Por Eduardo M.R. Lopes

De acordo com os últimos números divulgados pela Fenabrave, houve uma queda de 9,52% nos emplacamentos de caminhões novos no mês de Maio em relação ao mês de Abril, mas no acumulado de Janeiro a Maio, este ano de 2013 mostra-se um pouco melhor que 2012, com um aumento de 4,1% e a expectativa é que esse crescimento chegue a 16% no fechamento do ano.

Se a recuperação na quantidade de caminhões novos vendidos ainda é tímida, porém é positiva, por outro lado a quantidade de motoristas qualificados e disponíveis parece seguir justamente o caminho inverso. A Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC & Logística) sinaliza que o déficit de caminhoneiros já deve atingir o patamar de 13% da frota das empresas, o que representaria uma carência de cerca de 100 mil motoristas - e o que é mais preocupante é que a tendência deste descompasso tende a aumentar. Entretanto, engana-se quem pensa que esta crise de motoristas, assim como a jabuticaba, só exista no Brasil. Lá fora, ainda que por outras razões, principalmente as culturais quando olhamos o chamado primeiro mundo, o cenário também não é muito animador. De acordo com um estudo feito em 2012 pela Manpower, a profissão de motorista de caminhão aparece na sétima posição num ranking global quando se analisa as vagas de emprego mais difíceis de serem preenchidas. Se tomarmos como exemplo os países europeus, de uma forma em geral, que possuem estradas perfeitas, legislações adequadas e condições de trabalho mais favoráveis, independente da atual crise econômica, as empresas já vinham ao longo dos últimos anos encontrando dificuldades para preencherem estas vagas, o que se dirá por aqui, onde as estradas continuam ruins, a insegurança continua grande e a legislação somente agora começa a dar sinais de querer se ajustar à dura realidade de quem está atrás do volante. E este descompasso crescente entre a quantidade de caminhões e de motoristas é apenas a ponta de um grande iceberg que empaca e encarece o desenvolvimento/escoamento da nossa economia, pois graças à obstinação rodoviária tupiniquim ao longo destes últimos cinquenta anos em detrimento de outros modais, que seriam até mais vantajosos tanto em termos logísticos como econômicos, a sensação é como se estivéssemos comendo bananas e jogando todas as cascas na frente do nosso caminho – e é óbvio que em algum momento começaríamos a tropeçar, restando apenas torcer para que o impacto da queda seja pequeno e que as lesões não sejam graves.


Entretanto, algumas luzes já começaram a aparecer no final do túnel, sendo o Programa de Investimentos em Logística, que foi aprovado no ano passado pela presidente Dilma, uma delas. Se todos os R$ 80 bilhões previstos para os próximos 5 anos forem realmente investidos a sério, onde R$ 56 bi são para ferrovias e R$ 23,5 bi para rodovias, já começaremos a dar um passo mais maduro para termos uma malha ferroviária mais abrangente para facilitar o escoamento da produção, equilibrar os modais de transportes e reduzir os custos. Se tudo der certo e os investimentos forem bem aplicados (e que não sejam os últimos!), no longo prazo este problema específico da falta de motoristas acabará tendo um impacto reduzido para a economia se estivermos com uma matriz de transportes mais equilibrada. Mesmo assim, no curto e médio prazo ainda continuaremos com este cenário crítico prejudicando uma parte importante da nossa cadeia logística e obrigando as transportadoras a serem ainda mais criativas, tendo que dar nó em gota de éter com luva de boxe para continuarem competitivas e assim minimizarem ao máximo os impactos deste descompasso para a cadeia logística e para a economia brasileira.

domingo, 12 de maio de 2013

Os círculos viciosos e virtuosos na carreira

Por Eduardo M.R. Lopes

Na última coluna, falamos sobre os círculos viciosos do transporte rodoviário de cargas e o meio como as empresas poderiam migrar para um efetivo círculo virtuoso. E como as empresas são formadas por pessoas, são elas os verdadeiros agentes que promovem (ou deixam de promover) as mudanças necessárias para o desenvolvimento e o crescimento sustentável tanto das empresas onde trabalham como também das suas próprias carreiras.

A grande questão é: e quando são as pessoas que estão amarradas dentro dos círculos viciosos no desenvolvimento de suas carreiras? Se elas não conseguem migrar para o círculo virtuoso, como é que conseguirão ajudar estas empresas a migrarem também? O principal e decisivo passo, e o mais óbvio de todos, é que cada profissional seja sincero consigo mesmo e analise friamente se o trabalho que está desenvolvendo (independente da posição em que esteja atualmente) possui algum significado que seja especial e verdadeiro de acordo com os seus valores e crenças, onde destaco os três mais comuns: o prazer em realizar (tanto para ela e como para os beneficiários da atividade), o aprendizado (para que futuramente possa almejar trabalhos com maior grau de responsabilidade), e o desafio (para superar algo bastante complicado e mostrar que o profissional é capaz). Quando nenhum destes três despontar em primeiro lugar, inevitavelmente surgirá com toda a força a questão financeira, e será justamente neste instante que o profissional perceberá que já está dentro de um perigoso círculo vicioso. Afinal, se ele não visualiza nenhum significado no seu trabalho e acha que deveria ganhar mais porque tem que ganhar mais, o caminho natural será começar a olhar o chefe com cara feia e falar mal dele para todo mundo, gerando assim uma antipatia e infelicidade no profissional cada vez que os seus desejos (que nem sempre dependem da boa vontade do chefe) não sejam plenamente atendidos. Como ele está infeliz e a “culpa é do chefe”, passará a ir de má vontade para o trabalho e começará a externar esta sua negatividade (contra o trabalho, contra o chefe e contra a empresa) para os demais colegas, ajudando a criar um ambiente não muito saudável (principalmente para ele, pessoalmente falando). Neste ambiente ruim, ele se colocará na posição de vítima, e todos os demais colegas, que por alguma razão falarem bem da empresa ou dos seus chefes, se tornarão automaticamente seus inimigos. Ele estará cada vez menos disposto a ajudá-los nos projetos que sejam desenvolvidos em conjunto, pois de acordo com a sua lógica irracional o sucesso dos demais será a razão para que ele seja sempre “prejudicado”. De uma forma quase matemática, como o seu trabalho passou a ser uma verdadeira tortura, a sua saúde começará a ficar prejudicada, o nível da qualidade dos seus entregáveis começará a deixar a desejar, e aí o seu chefe começará a pegar cada vez mais no seu pé com razão, o que o deixará ainda mais estressado. Além disso, qualquer elogio ou promoção dos colegas aumentará ainda mais o seu sentimento de “vítima”, fazendo com que passe a odiar e a contribuir cada vez menos com os colegas, o que fará com que a qualidade dos seus entregáveis continue caindo, o chefe pegue ainda mais no seu pé e a sua insatisfação com a empresa, com o chefe e com os colegas aumente cada vez mais rápido. E aí não haverá muita escolha: ou ele será convidado a sair ou sairá antes de receber o convite, mas o pior de tudo é que se não houver uma mudança drástica na atitude, na próxima empresa ele continuará agindo da mesma forma e o final será bem parecido.

Quanto ao dinheiro, não é que ele não seja importante, muito pelo contrário, pois todos temos (ou teremos) uma família para criar e desejos materiais (grandes ou pequenos) a serem satisfeitos, mas a grande questão é que quando ele não estiver mais atrelado ao prazer, ao aprendizado ou ao desafio, e passar a ser a força-motriz da carreira, invariavelmente a aposentadoria chegará e o profissional perceberá o quão vazia foi a sua experiência profissional e quão infeliz foi desperdiçar tanto tempo fazendo várias coisas em tantas empresas que nunca lhe trouxeram felicidade alguma.

Desta forma, quanto mais rápida e sincera for esta autoanálise, e a consequente descoberta do que realmente lhe motiva e lhe dá satisfação, maiores são as chances de achar o verdadeiro caminho que lhe abram as portas para a verdadeira realização pessoal e profissional. E aí a empresa, os colegas, a família e própria saúde agradecerão imensamente.

Obs. Também disponível no portal Logweb neste link

As mães são flores que nunca perdem suas cores

Minha homenagem a todas as mães, e em especial à minha, pois todo dia é dia delas.



segunda-feira, 22 de abril de 2013

Os círculos viciosos e virtuosos do transporte

Esta é minha coluna desta quinzena, que é publicada no portal Logweb:

Por Eduardo M.R. Lopes


No transporte rodoviário de cargas há uma premissa universal que diz que “caminhão parado no pátio é prejuízo”; seja porque não há mercadorias para serem transportadas (talvez porque a frota esteja mal dimensionada, a atividade econômica esteja em baixa, etc.) ou porque ele simplesmente está impossibilitando momentaneamente de fazê-lo (talvez porque esteja em manutenção, etc.).

Desta forma, a principal preocupação dos gestores de frota é justamente fazer com que os caminhões literalmente não parem, pois a bem grosso modo isto significa que a frota está bem dimensionada e que a transportadora está exercendo a sua atividade a pleno vapor, o que resultará no final do mês em resultados positivos e no crescimento do negócio. Será mesmo?

Se formos analisar apenas o que é feito com os caminhões, que ao lado dos motoristas são os bens mais preciosos das transportadoras, veremos que nem sempre o fato de os termos todos na rua o tempo todo significa eficiência operacional e dinheiro no bolso, pois a transportadora pode ter entrado no chamado “círculo vicioso da ineficiência” sem ter percebido. A lógica é simples: como a infraestrutura rodoviária no Brasil e o nível de qualificação dos motoristas ainda são muito baixos, o uso intensivo dos caminhões acabará gerando um desgaste excessivo nas peças, que por tabela necessitarão de um maior tempo para troca/reparo, o que diminuirá a vida útil do veículo e reduzirá o seu valor de revenda. Ou seja, o fato isolado dos caminhões rodarem vinte e quatro horas por dia carregados não quer dizer, em absoluto, que o somatório destas entregas no final do mês gerará lucro para as transportadoras – muito pelo contrário. Até mesmo porque há outro círculo vicioso importante, que é o do próprio mercado do transporte rodoviário de cargas em si, onde independente da otimização da frota e da atividade econômica do país (que também vive de ciclos), como há poucas barreiras de entrada neste setor, há um aumento natural e quase irracional da oferta de serviços de transporte (seja através de frota própria ou através da frota de autônomos), forçando assim a diminuição dos valores dos fretes. Com menos dinheiro no bolso e a necessidade de não deixar os caminhões parados, o nível de manutenção acaba sendo inadequado ou simplesmente postergado, o nível de renovação acaba sendo baixo, os motoristas acabam fazendo jornadas extras, os caminhões andam com sobrepeso, aumentando assim o risco de acidente de estradas, gerando perdas tanto em vidas para a sociedade como também em mercadorias para os contratantes destes serviços de transportes. E uma vez havendo continuamente a intersecção destes dois ciclos, o final da história invariavelmente será sempre o mesmo: a “morte súbita” (ou quase) das transportadoras, independente delas andarem com os seus caminhões sempre carregados ou não (o que agrava ainda mais a situação).

E há solução para sairmos destes círculos viciosos e entrarmos num círculo virtuoso genuíno? Sim, como já comentamos de certa forma na coluna “A gestão comportamental e os custos invisíveis”, a partir do momento em que as transportadoras começarem efetivamente a utilizarem ferramentas que as permitam fazerem a gestão do comportamento dos motoristas ao volante e aliarem isto às boas ferramentas para a gestão operacional (além de investirem em capacitação, tecnologia e terceirização), este círculo se inverterá, pois os motoristas passarão a dirigir com mais segurança, reduzindo assim os custos por km rodado, aumentando a produtividade e a vida útil dos caminhões, e gerando maior competitividade para as transportadoras não só se manterem, como principalmente prosperarem neste mercado.

domingo, 7 de abril de 2013

Em qual lado você está?


Por Eduardo M.R.Lopes

Muitos já tiveram este dissabor alguma vez na vida: na semana em que se resolve fazer as compras do mês no supermercado é justamente aquela semana em que o refrigerador resolve dar uma pane momentânea. E aí é aquela correria para tentar armazenar algo na geladeira do vizinho (se puder e ele estiver em casa) ou ainda arranjar um velho isopor de guerra para tentar salvar alguma coisa enquanto a assistência técnica não chega.
                                     
O problema vira então uma crise monumental quando o vizinho não está em casa, o velho isopor de guerra está na UTI, a assistência técnica só conseguirá chegar ao final da tarde, o freezer já está praticamente descongelado, a geladeira já não consegue manter a temperatura e você tem que correr para o trabalho, pois já está atrasado para uma daquelas centenas de reuniões importantíssimas e intermináveis. O que fazer?

Se você não possui uma Assistente do Lar (outrora também conhecida como empregada doméstica), a situação é catastrófica, pois no final do dia a casa toda estará cheirando à comida estragada e, cansado de mais um exaustivo dia, você terá que arregaçar as mangas e arrumar tudo. Se você possui uma Assistente que seja no mínimo competente, a situação melhora um pouco, pois ela terá feito tudo o que é esperado: a geladeira estará limpa e arrumada, não haverá sinal de comida estragada, pois ela já terá jogado tudo fora no lixo, além de já ter combinado com o técnico a nova data para que ele possa voltar para finalmente deixar a geladeira funcionando novamente.

Diante deste quadro, duas perguntas são pertinentes: ela fez a parte dela? Sim e muito provavelmente deixou a geladeira e a cozinha impecáveis. Entretanto, com relação ao principal problema gerado por uma geladeira que deixou de funcionar, ele foi resolvido? Não. Afinal de contas, muito mais importante do que deixar tudo limpo e alinhado com o técnico é justamente não perder toda a comida. Até mesmo porque, se não fosse por isso, para quê precisaríamos de uma geladeira?

Não seria fantástico trocar uma ligação como esta ao final do dia?

- Como ficou a geladeira?
- O técnico verificou o problema, mas como não conseguiu consertar de vez, deixou a geladeira trabalhando em apenas uma fase, o que dá para manter os líquidos, verduras e mais algumas coisinhas conservadas por mais algum tempo.
- Mas quando ele volta com a solução?
- Amanhã ele vai fazer a análise e dará a resposta. Já peguei o número do celular pessoal e amanhã ligarei para cobrá-lo.
- E as carnes congeladas e tudo o mais que estava no freezer? Jogou tudo fora?
- Nada disso. Liguei para o zelador e negociei de deixar tudo no freezer do salão de festas. Como nos próximos vinte dias não haverá nenhuma festa, ele concordou em deixar tudo lá até termos o refrigerador 100% consertado.
- No freezer no salão de festas?
- Exatamente. Fiz ainda uma lista com tudo que coloquei lá, pedi para ele assinar e deixei uma cópia em cima da mesa.

Surpreso? Pois é, parece uma estorinha, mas isto aconteceu de verdade.

Comparando com o nosso mundinho corporativo, onde praticamente vivemos asfixiados pela correria do dia-a-dia, na grande maioria das vezes acabamos fazendo como o primeiro tipo de profissional citado, que concentra todos os seus esforços em fazer com maestria as tarefas que lhes são atribuídas, mas que não consegue enxergar a real dimensão e o significado daquelas tarefas. A comida, no caso, não é um problema do dono ou da “diretoria”, pois se a sua responsabilidade é cuidar da casa, não deixar estragar a comida é um pré-requisito que vai além das tarefas de limpeza e organização – ainda que você não tenha o direito de comê-la.

Somente estes tipos de profissionais que, além de conseguirem dar conta do dia-a-dia, também perceberem e atuarem pró-ativamente no real propósito do seu trabalho, sempre estarão um ou dois passos à frente dos outros na corrida por qualquer promoção, uma vez que eles entram em campo de fato para ganharem e não apenas para cumprirem tabela.

E você, em qual lado do campo você está: do lado que apenas limpa a geladeira ou do lado que salva a comida?

terça-feira, 26 de março de 2013

A gestão comportamental e os custos invisíveis

Minha última coluna no portal Logweb:

Por Eduardo Lopes


O cenário para o transporte rodoviário de cargas no Brasil é positivo e assim deverá continuar por vários anos em virtude dos baixos investimentos feitos pelo governo de forma a facilitar o desenvolvimento e o crescimento dos outros modais, que são até mais econômicos e eficientes dentro da cadeia logística, mas que dificilmente o tirará da posição de principal modal dentro da matriz de transportes a curto e médio prazo.

Se por um lado isto é um dado positivo para todos os que trabalham direta ou indiretamente com o transporte rodoviário de cargas, por outro lado os desafios são gigantescos para manter-se competitivo e eficiente neste mercado que segue em crescente profissionalização, pois a infraestrutura para transitar é deficiente, a insegurança nas rodovias é alta, o preço dos fretes é baixo, a qualificação dos motoristas é baixa, a carência de mão de obra é alta, é crescente, a restrição de circulação dos veículos de cargas nos chamados trechos urbanos das grandes cidades e a fiscalização ainda é inadequada. Desta forma, um controle apurado dos custos torna-se fator crítico de sobrevivência, e as transportadoras estão investindo cada vez mais em ações para controlar o consumo do combustível e a manutenção da frota, que são os seus maiores custos “visíveis”, porém, ainda parece tímida a atuação em cima dos outros custos chamados “invisíveis”, que estão embutidos na operação e que influenciam diretamente no consumo e na manutenção dos veículos da frota. Isto porque, por mais que a frota seja renovada no menor espaço de tempo possível e que a empresa possua o mais moderno sistema de gestão de abastecimentos e manutenção disponível no mercado, ainda assim, se ela não possuir mecanismos que lhe ajudem a gerenciar de forma eficaz o comportamento dos motoristas no exercício da sua função, pois são eles que de fato estão à frente de caminhões que muitas vezes custam algumas centenas de milhares de reais, muito do esforço realizado para fechar uma torneira acabará escorrendo por um cano furado que ela nunca imaginou que pudesse existir. A forma como o motorista dirige o veículo está diretamente relacionada à vida útil do mesmo e, dependendo do aspecto psicológico e do preparo de cada um que estará ao volante, a tendência com que este veículo faça mais freadas/acelerações bruscas ou permaneça com o motor ligado por mais tempo durante o período de ociosidade, por exemplo, tenderá a aumentar bastante, acarretando assim um aumento no consumo e na manutenção, além de uma queda na produtividade.

Se nas grandes transportadoras já vemos alguns avanços concretos neste sentido, nas médias e pequenas ainda há um grande caminho a ser percorrido. Entretanto, independente do tamanho da empresa, quando ela começa a fazer de fato uma gestão comportamental de sua frota, com indicadores claros e ferramentas adequadas para medir e controlar a forma como são conduzidos todos os seus veículos, indo além da capacitação e da premiação dos motoristas, passa a existir uma relação direta de ganha-ganha com todos os envolvidos na cadeia, pois não só ela ganhará através da melhora na performance, na vida útil e na disponibilidade dos seus veículos com a redução dos custos no consumo e na manutenção, como a sociedade como um todo também ganhará com a redução na quantidade de acidentes, seja por imperícia ou imprudência, que ceifam a vida de milhares de pessoas todos os anos nas rodovias brasileiras.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Uso de etanol deve valer a pena a partir de maio, projeta especialista

Em Pernambuco, a relação entre o preço do litro do combustível verde e a gasolina é de 78% (Carlos Vieira/CB/D.A Press)

Por Cadu Caldas*

Nem o aumento no preço da gasolina, no final de janeiro, tornou o uso do etanol mais atrativo para o consumidor gaúcho. Ainda não é possível comprar álcool por menos de 70% do preço da gasolina, ponto de equilíbrio para compensar a diferença de rendimento dos dois combustíveis.


No Rio Grande do Sul, desde julho de 2010 o combustível de cana-de-açúcar não é a melhor opção para o motorista que deseja gastar menos. Problemas na safra e custos de mão de obra contribuíram para deixar o preço do produto menos atrativo. Para completar, muitos postos elevaram o valor do etanol após a alta na gasolina.
– Antes, a média era de 83%. Com o reajuste, diminuiu um pouco, mas não o suficiente para tornar o álcool uma boa alternativa – diz Eduardo Lopes, coordenador de produto da Ticket Car, empresa que faz comparações mensais de preços entre etanol e gasolina.
Porém, para a especialista no mercado de etanol Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria, esse cenário vai mudar nos próximos meses.
– A partir de maio, o consumo de álcool vai valer a pena em todo o país, pois a safra será muito boa – afirma.
Diretor da União da Indústria de Cana-de-açúcar, Antônio de Pádua Rodrigues pondera que, embora a próxima safra tenha aumento de volume projetado de 10%, isso não significa que o etanol ficará mais barato, pois o preço depende de tributos e custos logísticos e operacionais.
Desde 2009, a venda de álcool vem caindo no país, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes. Até outubro de 2012, o consumo de etanol havia recuado 15% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Francisco Milanez lembra que a falta de competitividade dos preços do álcool no Estado está relacionada à distância dos produtores, concentrados na Região Sudeste. O valor do frete torna o produto ainda mais caro.
– Algumas pessoas utilizam o álcool por questão ideológica, mas o preço realmente é um limitador.
Vale a pena?
Para saber quando compensa trocar um combustível pelo outro, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7 e, assim, obter o valor de referência para o etanol:

Exemplo
R$ 2,89 (valor da gasolina) x 0,7 = R$ 2,02 (valor de referência para o etanol)

Conclusão
Então, se a gasolina custa R$ 2,89 e o álcool R$ 2,02 ou mais, compensa colocar gasolina, considerando a diferença no rendimento do automóvel com cada combustível. Abaixo disso, vale a pena abastecer com etanol. Mas é bom lembrar que o uso eventual de etanol ajuda na limpeza do motor.

*Colaborou Erik Farina

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O fator sorte existe?



Por Eduardo M.R.Lopes

Em uma de suas passagens por São Paulo, Jim Collins, que é autor do livro “Empresas feitas para vencer” e também é considerado um dos maiores especialistas em gestão, ao falar sobre o sucesso disse que “não há nada que prove que os vencedores têm mais sorte que as outras pessoas; entretanto, há uma evidência: todos os vencedores pensam que são pessoas de sorte.”

Foi-se o tempo em que o brasileiro sofria da chamada “síndrome de vira-latas” por “voluntariamente colocar-se em posição de inferioridade perante o restante do mundo”, como bem descreveu às vésperas da Copa do Mundo de 1958 o imortal escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Felizmente, graças ao sucesso obtido no exterior tanto pelas empresas como principalmente por vários brasileiros nos mais diversos ramos de atividade, as coisas mudaram e a auto-estima aumentou consideravelmente nos últimos anos. Entretanto, se por um lado isto é uma boa notícia, por outro lado o acirramento da competição em todos os níveis da sociedade e o nivelamento das chamadas competências individuais estão potencializando esta sensação de que o sucesso do outro só aconteceu por pura sorte. Afinal de contas, se todos começam a se achar melhores do que realmente são e acham que estão mais preparados do que de fato estão, por que é que o fulano conseguiu chegar lá e o beltrano não? Resposta simplista (e até certo ponto egoísta) do fulano que conseguiu, até mesmo para não divulgar o segredo do seu sucesso e assim deixar os que não conseguiram de certa forma acomodados: sorte. E a resposta óbvia e conformista dos que insistem em tapar o sol com a peneira porque não conseguiram também será a mesma: sorte. Desta forma, cria-se uma geração de “míopes injustiçados” que prefere transferir a responsabilidade do seu não-sucesso para o outro, quando na verdade, ao pensar e ao agir desta forma, ela acabará tornando-se a única responsável por manter esta barreira que a impedirá de progredir. Não é porque um fulano possui um MBA que se o beltrano fizer o mesmo MBA isto garantirá que o beltrano se tornará melhor do que o fulano. A diferença se tornará visível em como cada um utilizará o arcabouço teórico recebido para fazer as coisas acontecerem no dia-a-dia, em como cada um perceberá o contexto situacional e os possíveis impactos do e no seu negócio de forma macro para tomar ações que gerem resultados positivos no micro, ou ainda, o quanto cada um realmente se dedicará no chamado tempo livre para treinar, aprender e estudar coisas novas de forma a aprimorar cada vez mais o seu valor como indivíduo e aprimorar suas competências pessoais.

Entretanto, tudo isto se tornará insignificante se a principal questão não for respondida: o que a pessoa se propõe a fazer faz sentido como desafio ou ideal de vida ou ela ali está apenas para “cumprir tabela”? Se a resposta for “cumprir tabela”, ela terá grandes chances de passar o resto da vida pulando de galho em galho e reclamando da sorte que nunca chega; mas se a resposta for o desafio ou o ideal, mesmo com todos os percalços que certamente aparecerão pelo caminho, ela não só viverá de forma muito mais feliz, como invariavelmente alcançará todos os seus objetivos e se achará a pessoa mais sortuda do mundo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

As Crônicas de Gelo e Fogo: assim na tela como no papel


















Por Eduardo Lopes

Olhava aqueles calhamaços do George R.R.Martin espalhados há tempos em todas as livrarias, mas fingia que não era comigo. Olhava a lista dos mais vendidos e aquele nome mágico também não saía de lá. Os amigos vinham sempre com o mesmo papo:

- E aí, já começou a ler?
- Não, ainda estou ocupado com outros livros.
- Então larga porque você não vai querer saber de outra coisa.

Vencido pela curiosidade, optei pelo caminho mais fácil: comprei o box de dvds da primeira temporada do seriado e, em apenas um final de semana, já tinha visto todos os episódios. E como a ocasião, além do ladrão, também faz o leitor, no final do ano passado recebi um e-mail marketing do tipo "queima total" de um box com os cinco primeiros livros (versão pocket) de "As Crônicas de Gelo e Fogo". Comprei na hora e, em menos de um mês, já tinha devorado as 1.033 páginas do primeiro livro, "Guerra dos Tronos", e já comecei a avançar pelas 1.147 páginas do segundo, "A Fúria dos Reis".

Tudo bem que, em linhas gerais, a espetacular série de tv "Game of Thrones" tem sido fiel ao excepcional livro (pelo menos na primeira temporada), mas ainda assim recomendo a todos aqueles que conheceram a série pela tv (como eu) que  passem também a dedicar (bastante) tempo aos livros, pois além de toda a magia que há na leitura em si, especialmente com relação a esta saga ainda há outras duas grandes vantagens:

- Ao devorá-lo diariamente, o leitor acabará digerindo com muito mais facilidade o dia a dia das intermináveis intrigas que envolvem as dezenas de personagens que vão passando pelo caminho, deixando um rastro de muito sangue, suor, lágrimas, honra e traição onde tudo, literalmente tudo, pode acontecer (e acontece!);

- Cada temporada da tv é composta por dez episódios, o que dá cerca de três meses de exibição (considerando um episódio por semana). Desta forma, assim que se encerra uma temporada, a próxima só será exibida quase um ano depois! E, podem acreditar, quem já viu um episódio ou leu uma página, não conseguirá esperar tanto tempo assim!

Neste início de ano já começaram a aparecer por todos os lados as chamadas para a estréia na tv da terceira temporada, que está prevista para o final de março, mas ainda assim sigo em frente dormindo mais tarde do que o habitual para degustar com calma as aventuras dos Starks, Lannisters, Targaryens e afins neste segundo livro, enquanto o lançamento do box de dvds da segunda temporada já está na boca do forno. E, mantendo este ritmo, até o meio do ano já deverei ter lido todos os cinco primeiros livros e visto as três primeiras temporadas, ficando no aguardo do lançamento dos outros dois livros que fecharão a série (ainda sem previsão de lançamento).

Enfim, uma coisa é certa: abençoado seja o mestre George R.R.Martin assim na tela como (principalmente) no papel, pois independente da mídia escolhida (de preferência as duas), quem entrou nesta guerra dos tronos não conseguirá sair tão cedo - literalmente!