Por Eduardo M.R.Lopes
Em
uma de suas passagens por São Paulo, Jim Collins, que é autor do livro
“Empresas feitas para vencer” e também é considerado um dos maiores
especialistas em gestão, ao falar sobre o sucesso disse que “não há nada que prove que os vencedores têm
mais sorte que as outras pessoas; entretanto, há uma evidência: todos os
vencedores pensam que são pessoas de sorte.”
Foi-se
o tempo em que o brasileiro sofria da chamada “síndrome de vira-latas” por “voluntariamente colocar-se em posição de
inferioridade perante o restante do mundo”, como bem descreveu às vésperas
da Copa do Mundo de 1958 o imortal escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues.
Felizmente, graças ao sucesso obtido no exterior tanto pelas empresas como
principalmente por vários brasileiros nos mais diversos ramos de atividade, as
coisas mudaram e a auto-estima aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Entretanto, se por um lado isto é uma boa notícia, por outro lado o acirramento
da competição em todos os níveis da sociedade e o nivelamento das chamadas
competências individuais estão potencializando esta sensação de que o sucesso
do outro só aconteceu por pura sorte. Afinal de contas, se todos começam a se
achar melhores do que realmente são e acham que estão mais preparados do que de
fato estão, por que é que o fulano conseguiu chegar lá e o beltrano não?
Resposta simplista (e até certo ponto egoísta) do fulano que conseguiu, até
mesmo para não divulgar o segredo do seu sucesso e assim deixar os que não
conseguiram de certa forma acomodados: sorte. E a resposta óbvia e conformista
dos que insistem em tapar o sol com a peneira porque não conseguiram também
será a mesma: sorte. Desta forma, cria-se uma geração de “míopes injustiçados”
que prefere transferir a responsabilidade do seu não-sucesso para o outro,
quando na verdade, ao pensar e ao agir desta forma, ela acabará tornando-se a
única responsável por manter esta barreira que a impedirá de progredir. Não é
porque um fulano possui um MBA que se o beltrano fizer o mesmo MBA isto
garantirá que o beltrano se tornará melhor do que o fulano. A diferença se
tornará visível em como cada um utilizará o arcabouço teórico recebido para
fazer as coisas acontecerem no dia-a-dia, em como cada um perceberá o contexto
situacional e os possíveis impactos do e no seu negócio de forma macro para tomar
ações que gerem resultados positivos no micro, ou ainda, o quanto cada um
realmente se dedicará no chamado tempo livre para treinar, aprender e estudar
coisas novas de forma a aprimorar cada vez mais o seu valor como indivíduo e
aprimorar suas competências pessoais.
Entretanto,
tudo isto se tornará insignificante se a principal questão não for respondida:
o que a pessoa se propõe a fazer faz sentido como desafio ou ideal de vida ou
ela ali está apenas para “cumprir tabela”? Se a resposta for “cumprir tabela”,
ela terá grandes chances de passar o resto da vida pulando de galho em galho e
reclamando da sorte que nunca chega; mas se a resposta for o desafio ou o
ideal, mesmo com todos os percalços que certamente aparecerão pelo caminho, ela
não só viverá de forma muito mais feliz, como invariavelmente alcançará todos
os seus objetivos e se achará a pessoa mais sortuda do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário