Por Eduardo M.R. Lopes
De acordo com os últimos números
divulgados pela Fenabrave, houve uma queda de 9,52% nos emplacamentos de
caminhões novos no mês de Maio em relação ao mês de Abril, mas no acumulado de
Janeiro a Maio, este ano de 2013 mostra-se um pouco melhor que 2012, com um
aumento de 4,1% e a expectativa é que esse crescimento chegue a 16% no
fechamento do ano.
Se a recuperação na quantidade de
caminhões novos vendidos ainda é tímida, porém é positiva, por outro lado a
quantidade de motoristas qualificados e disponíveis parece seguir justamente o
caminho inverso. A Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC
& Logística) sinaliza que o déficit de caminhoneiros já deve atingir o
patamar de 13% da frota das empresas, o que representaria uma carência de cerca
de 100 mil motoristas - e o que é mais preocupante é que a tendência deste descompasso
tende a aumentar. Entretanto, engana-se quem pensa que esta crise de
motoristas, assim como a jabuticaba, só exista no Brasil. Lá fora, ainda que
por outras razões, principalmente as culturais quando olhamos o chamado
primeiro mundo, o cenário também não é muito animador. De acordo com um estudo
feito em 2012 pela Manpower, a profissão de motorista de caminhão aparece na
sétima posição num ranking global quando se analisa as vagas de emprego mais
difíceis de serem preenchidas. Se tomarmos como exemplo os países europeus, de
uma forma em geral, que possuem estradas perfeitas, legislações adequadas e
condições de trabalho mais favoráveis, independente da atual crise econômica, as
empresas já vinham ao longo dos últimos anos encontrando dificuldades para
preencherem estas vagas, o que se dirá por aqui, onde as estradas continuam
ruins, a insegurança continua grande e a legislação somente agora começa a dar
sinais de querer se ajustar à dura realidade de quem está atrás do volante. E
este descompasso crescente entre a quantidade de caminhões e de motoristas é
apenas a ponta de um grande iceberg que empaca e encarece o
desenvolvimento/escoamento da nossa economia, pois graças à obstinação
rodoviária tupiniquim ao longo destes últimos cinquenta anos em detrimento de
outros modais, que seriam até mais vantajosos tanto em termos logísticos como
econômicos, a sensação é como se estivéssemos comendo bananas e jogando todas
as cascas na frente do nosso caminho – e é óbvio que em algum momento
começaríamos a tropeçar, restando apenas torcer para que o impacto da queda
seja pequeno e que as lesões não sejam graves.
Entretanto, algumas luzes já começaram
a aparecer no final do túnel, sendo o Programa de Investimentos em Logística, que
foi aprovado no ano passado pela presidente Dilma, uma delas. Se todos os R$ 80
bilhões previstos para os próximos 5 anos forem realmente investidos a sério,
onde R$ 56 bi são para ferrovias e R$ 23,5 bi para rodovias, já começaremos a
dar um passo mais maduro para termos uma malha ferroviária mais abrangente para
facilitar o escoamento da produção, equilibrar os modais de transportes e
reduzir os custos. Se tudo der certo e os investimentos forem bem aplicados (e
que não sejam os últimos!), no longo prazo este problema específico da falta de
motoristas acabará tendo um impacto reduzido para a economia se estivermos com
uma matriz de transportes mais equilibrada. Mesmo assim, no curto e médio prazo
ainda continuaremos com este cenário crítico prejudicando uma parte importante
da nossa cadeia logística e obrigando as transportadoras a serem ainda mais
criativas, tendo que dar nó em gota de éter com luva de boxe para continuarem
competitivas e assim minimizarem ao máximo os impactos deste descompasso para a
cadeia logística e para a economia brasileira.
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