quarta-feira, 10 de abril de 2013

Você é mesmo o máximo?

Por Ariane Abdallah

“Confie no seu taco. Repita suas qualidades para si mesmo, conscientize-se de suas competências”. Quantas vezes você já ouviu esse tipo de orientação em programas de desenvolvimento de lideranças, treinamentos de RH ou sessões de coaching? A importância do pensamento positivo sobre si mesmo – na linha do “eu sou capaz”, “vou conseguir”, “estou preparado” – virou técnica para melhorar o desempenho profissional desde que foi divulgada a primeira grande pesquisa acadêmica sobre o tema, em 1988. O estudo, conduzido pelo psicólogo Claude Steele, da Universiade de Stanford, mostrava que reforçar as próprias qualidades impactava positivamente na autoestima, na produtividade e na cooperação entre as pessoas.

Só que agora, depois de 20 anos de reinado, a ideia está sendo questionada. Uma pesquisa publicada no Journal of Personality and Social Psychology, em janeiro deste ano (coordenada por Niro Sivanathan, Daniel C. Molden, Adam D. Galinsky e Gillian Ku), mostra que, além de não melhorar o desempenho dos participantes, o hábito de autoafirmar seus aspectos positivos pode criar problemas na hora que algo dá errado e você tem que lidar com a frustração.

O estudo contou com cobaias que tinham a missão de separar, um por um, os grãos de arroz. Antes de começarem a tarefa, metade do grupo foi indicada a fazer uma lista de valores e a responder um questionário de motivação pessoal. Ao final, o resultado foi o mesmo nas duas turmas: ninguém conseguiu terminar a atividade no tempo estipulado. Porém, o pessoal "não-motivado" ficou 11% menos propenso a desistir de repetir a operação.

A nova conclusão leva a um questionamento: em que circunstâncias o hábito de reforçar seus pontos positivos vira um autoboicote, uma maneira de criar uma expectativa excessivamente alta, com grande potencial de terminar em frustração?

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