sábado, 24 de setembro de 2011

Por que acontecem acidentes com caminhões?

Um país com uma vasta rede fluvial, uma orla marítima favorável ao transporte, desprovido de rede ferroviária para escoar matéria prima e toda sua produção envereda para um “sistema rodoviarista” que gera alto custo, propicia o acidente e a criminalidade por meio de roubos, assaltos, sequestros e mortes.

A frota brasileira de caminhões e carretas deve estar em torno de três milhões. Dos motoristas, 83% são autônomos, 16% tem vínculo empregatício e 1% são cooperativados. Entendemos que os autônomos vivem no desamparo, desassistidos para o lado da saúde, da qualidade de vida e de todo o suporte para o real desempenho da função. Os caminhões e carretas têm em média 21,5 anos de fabricação, estão bastante rodados e a manutenção é precária.

Em 2008, 60.558 caminhões envolveram-se em acidentes nas rodovias federais. Já em 2009, tais acidentes correspondem a 25% dos ocorridos em rodovias federais. Agigantam-se os prejuízos material e humano. Perdas de vidas, sequelados, incapacitados, crescem os problemas sociais e não se encontra por parte das autoridades solução para tão grave problema.

Por incrível que possa parecer, 93% desses acidentes ocorrem por falha humana. Os principais fatores que conduzem a falha são:
  • Jornadas longas
  • Lapsos de atenção
  • Déficit de atenção
  • Falta de concentração
  • Fadiga
  • Sono
  • Desobediência à sinalização
  • Velocidade acima do permitido
  • Álcool/Drogas
No acidente envolvendo carreta ou caminhão, a possibilidade de ocorrência de óbito é sete vezes maior que em outros acidentes. Com ônibus, essa possibilidade é doze vezes maior. Costumamos dizer que hoje, em todo acidente rodoviário, existe um profissional do volante envolvido. Fadiga e sono correspondem a 60% desses acidentes. E por incrível que possa parecer 66% desses trabalhadores tem jornadas acima de 8 horas.

Quanto custa um acidente rodoviário?

Não computamos aqui custo material, mas o custo com vidas, vítimas, sequelados, danos no âmbito da família, os problemas sociais gerados, as consequências de um momento tão curto que é o instante do acidente e que produzirá consequências a longuíssimo prazo.

O ato de dirigir parece tão simples, inócuo, inofensivo, prazeroso, mas visto com o perfil profissiográfico vemos que não é tão simples como todos imaginam.

É um ato complexo que depende de múltiplas funções entre elas funções cognitivas, motora e sensório perceptiva.

A cognitiva são estruturas básicas que servem como suporte para todas as operações mentais. Compõe a base da atividade intelectual. Permite perceber, elaborar e expressar informações.

A origem está nas conexões cerebrais. Esta função cognitiva constitui a estrutura do pensamento que vai se adaptando e acomodando nos diferentes modos de interação com o ambiente.

Identificados tais agentes causais temos que ter ações de órgãos diretores do transporte para sanarmos os danos físicos e materiais que a todo o momento são estampados nos nossos periódicos.

Fonte: Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior, médico, diretor da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego – www.abramet.org.br)

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