terça-feira, 20 de setembro de 2011

Frota brasileira deverá chegar a 50 milhões de veículos em 2015 e continuará impulsionando o setor de reparação

Certificação de autopeças com o selo Inmetro e de profissionais da reparação, assim como as mudanças que o mercado de reposição de autopeças enfrenta com a chegada de novas marcas e modelos no País e como a evolução tecnológica interfere no modo de reparar o veículo foram os temas discutidos durante o Seminário da Reposição Automotiva.

Lideranças do setor da reposição automotiva acreditam que o setor de reposição automotiva deve continuar em ritmo de crescimento e apontam os principais desafios da reparação de veículos com a chegada de novas marcas ao País e com a evolução tecnológica aplicada nos veículos que exige acesso a informações para a execução de reparos nos veículos. Esses foram os temas discutidos durante o Seminário da Reposição Automotiva, realizado pelo GMA – Grupo de Manutenção Automotiva, no teatro da sede Fiesp, em São Paulo, no dia 13 de setembro, que reuniu 500 participantes, entre fabricantes de autopeças, distribuidores, lojistas e reparadores, além de dirigentes das entidades que representam o setor Sindipeças, Sicap/Andap, Sincopeças-SP, Sindirepa-SP, IQA, entre outras.

O principal evento do setor reposição automotiva, que está na 17ª edição, promoveu a discussão de temas importantes para todos os elos da cadeia produtiva (fabricantes de autopeças, distribuição, varejo e oficinas), um setor que tem registrado crescimento da ordem de 10% com o aumento da frota circulante de veículos nos últimos anos que deve chegar a 50 milhões de unidades até 2015, segundo estimativas baseadas no levantamento do Sindipeças. Para 2011, a previsão é que o setor mantenha o mesmo ritmo de desempenho, com incremento de 10% com relação a 2010.

Lideranças do setor de reposição foram unânimes ao afirmarem que o cenário é muito favorável para o setor de reparação de veículos. Durante o painel de debates, que teve como mediador o coordenador GMA e conselheiro do Sindipeças, Antônio Carlos Bento, representantes da indústria e da distribuição de autopeças falaram sobre os principais desafios do setor diante das mudanças de mercado com a chegada de novas marcas ao País e a constante evolução tecnológica dos veículos que exige maior conhecimento técnico por parte dos mecânicos.

Diferentemente de outros mercados, o Brasil ainda é um dos poucos países em que o setor de reposição automotiva detém 80% de participação na reparação dos veículos, enquanto nos Estados Unidos é 60% e na Alemanha 40%. A preocupação, segundo os líderes do setor, é com as margens que estão cada vez mais baixas, mesmo com o mercado aquecido. Além desse fator, o setor vive um momento de transição devido à chegada de novas marcas de veículos e também a constante evolução tecnológica que gera maior complexidade na manutenção. Para enfrentar esses novos desafios, todos os elos da cadeia precisam investir em capacitação profissional e melhoria de processos.

Os representantes da indústria (Edson Brasil – Delphi, Alberto Rufini – TRW e Douglas Lara – ZF Sachs) e da distribuição (José Carlos Di Sessa – Car Central, Rodrigo Carneiro – Distribuidora Automotiva, Ana Paula Mallussardi – Pacaembu Autopeças e Antonio Carlos de Paula, Pellegrino Distribuidora de Autopeças) garantem que é possível atender a demanda que virá com o aumento dos modelos de veículos importados e lembram que o trabalho de logística aprimorado ao longo dos anos para disponibilizar a ampliação de portfólio de produtos para a reparação garante o abastecimento de peças em todos os municípios do País.

Hoje, existem, no País, 38.500 lojas de autopeças e mais de 92 mil oficinas que são responsáveis pela manutenção de 80% da frota de veículos brasileira estimada em 32,5 milhões, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Antônio Carlos Bento ressaltou que o dono do carro é o principal agente que move esse setor e, por isso, o reparador vive o momento da verdade ficando à frente do consumidor final e enfatizou a importância do envolvimento de todos os elos da cadeia para promover a capacitação desse profissional, garantindo a qualidade dos serviços de manutenção.

Com relação à qualificação da mão de obra do setor de reparação de veículos, o especialista em desenvolvimento industrial do Senai Nacional, Paulo Rech, proferiu palestra sobre a certificação profissional de acordo com a norma ABNT 15681 que trata da qualificação do mecânico e explicou como funciona todo o processo que deve ser implementado em breve, sendo um importante instrumento de avaliação e aprimoramento da mão de obra.

A certificação profissional seguirá os conceitos estabelecidos pela norma e avaliará se o mecânico está apto a fazer determinado reparo no veículo. “Com a eletrônica embarcada, surgem novos recursos tecnológicos a cada lançamento, portanto, há a necessidade do mecânico se especializar em várias áreas. Antigamente, a profissão exigia habilidade manual para troca de peças. Isso mudou, o mecânico é muito mais um técnico que necessita interpretar diagnósticos em scanners”, afirmou Rech.

O processo de certificação do mecânico terá validade ainda ser definida e o profissional receberá uma carteirinha que identificará a sua especialização, assim como já ocorre em outras áreas da indústria, como na construção civil, por exemplo.

Ainda sobre a qualificação do reparador, o presidente do Sindirepa-SP, Antonio Fiola, falou da necessidade de aprimoramento técnico da mão de obra e investimento em equipamentos, fatores que levaram muitas oficinas a fecharem a portas. Apesar de ser um número expressivo 92 mil empresas, o setor de reparação tinha mais 140 mil oficinas há 11 anos. “Hoje, temos 500 modelos diferentes de veículos e a especialização da mão de obra é fundamental para atender a essa frota bem diversificada”, explicou Fiola.

Também fez questão de dizer que o reparador precisa recuperar a autoestima, comentou sobre a dificuldade ao acesso às informações técnicas para fazer a manutenção do veículo, sendo um entrave para o setor e reforçou a importância do empresário cuidar da gestão e ficar atento para ordem de serviço que pode ser um importante documento, com descritivo dos serviços a serem executados.

Outro tema apresentado no evento pelo diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, foi a certificação de autopeças, conforme as portarias nº 301, nº 445, nº 78 e nº 156 que determinam a medida para vários componentes. O processo ainda está em fase de adequação e garantirá a inibição da entrada de produtos falsificados e sem procedência comprovada no País. Assim como as autopeças que colocam em risco a segurança dos veículos, o Brasil já possui mais de 192 mil tipos de produtos com selo do Inmetro.

Para falar sobre inspeção ambiental veicular foi convidado o engenheiro da Cetesb, Olímpio Álvares Jr. Ele também citou a inspeção técnica como forma de reduzir as mortes no trânsito e que o ideal seria implantar um único programa que englobasse emissões e itens de segurança. Porém, o projeto de lei que prevê a inspeção técnica está parado no Congresso aguardando aprovação. Enquanto isso, o programa de emissões, que é estadual, está avançando e deve ser concluído em 2012.

O cenário da economia nacional e os reflexos dos mercados internacionais foram tema da ampla exposição do consultor econômico e colunista dos jornais O Estado de São Paulo e O Globo, Raul Velloso, que abordou aspectos que definem o modelo adotado no Brasil que favorece o aumento das taxas de juros, sendo um país voltado para o consumo com poucas reservas e alto gasto do poder público que provoca a alta da inflação, favorece a importação de produtos com a valorização do real e dificulta o desenvolvimento da indústria local. Ao contrário da China, que tem recurso próprio para investir em produção industrial que a torna altamente competitiva, com a venda produtos mais baratos em todo o mundo.

Velloso disse que a indústria brasileira vai ter de conviver com a concorrência dos chineses e que a taxa de crescimento do PIB deve voltar ao patamar dos 4,5% partir de 2013. Ele não acredita que ocorrerá uma nova crise mundial tão profunda como a que aconteceu em 2008, mas que a retomada da economia nos países afetados levará 10 anos para acontecer.

Fonte: Portal Fator Brasil

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