terça-feira, 20 de setembro de 2011

Carro de passeio movido a diesel pode voltar a ser realidade no Brasil

O Brasil é o único país do mundo em que é a comercialização e circulação de veículos de passeio movidos a Diesel é proibida. A proibição vigora desde 1976, quando a situação do país era bem diferente da atual: O Brasil não era grande produtor de petróleo e o governo visava reduzir a dependência do petróleo importado, para não ficar à mercê dos preços internacionais. Além disso, os próprios carros a Diesel eram bem diferentes dos atuais, que circulam em países de todas as partes do mundo.

De lá pra cá muita coisa mudou, tanto no cenário econômico quanto no desenvolvimento da tecnologia dos motores Diesel. Do ponto de vista econômico, o Brasil passou a ser autossuficiente em petróleo e, por incrível que possa parecer, hoje o país é grande importador de etanol dos Estados Unidos (o incentivo ao carro a álcool foi um dos motivos da proibição com razões “nacionalistas” na época).

Segundo o engenheiro Sidney B. Oliveira Jr, gerente de vendas e Marketing Sistemas Diesel da Robert Bosch, não há mais justificativa para se manter a proibição da venda de veículos de passeio movidos a Diesel. “Temos argumentos fortes pró-diesel, que vão desde a possibilidade de se obter motores mais potentes até mesmo a sustentabilidade”, afirma.

De acordo com o engenheiro, os motores diesel evoluíram muito nos últimos anos. “Com o diesel, os carros ficam mais potentes, econômicos, com mais autonomia e emitem menos CO2 do que os movidos a gasolina”, argumenta. Para quem guardou na memória a ideia de carros barulhentos, soltando uma fumaça escura e mau cheiro, Sidney Oliveira garante que essa é uma imagem mitificada e que ficou no passado, pois hoje os automóveis são modernos e com tecnologias limpas.

Possibilidade Real

A possibilidade de se produzir e comercializar automóveis movidos a diesel no Brasil foi um dos temas centrais do 8° Fórum Diesel, que reuniu recentemente cerca de 300 profissionais da área em Curitiba, vindos de todas as regiões do país. Durante dois dias, os profissionais discutiram as novidades em tecnologia dos motores Diesel, debatendo alternativas e conhecendo as últimas tendências do setor. “Deveríamos ter, ao menos, a liberdade de escolha. Ou seja, a possibilidade de optar por ter ou não um carro movido a diesel”, afirma Sidney Oliveira.

O representante da Petrobras no evento, Eduardo Correia, consultor sênior de estratégia da empresa, frisou o fato de o Brasil ser autossuficiente na produção de petróleo e afirmou que, mesmo com a possível liberação do carro a diesel, o país teria produção suficiente do combustível pelo menos até 2020. O diesel foi apontado como a melhor alternativa nas buscas pela redução do consumo de combustíveis. Segundo os participantes, o Brasil precisa instituir um programa para redução do consumo de combustíveis, como no demais países, principalmente da Europa. “Não podemos mais conviver com veículos que fazem 7 ou 8 km/l de combustível, quando no restante do mundo já existem objetivos fixados de 25 km/l. E para isso o caminho mais fácil e menos oneroso é o uso do motor Diesel”, afirma o engenheiro Roberto Falcão, da NETZ Automotiva.

O debate pró-carro Diesel ganhou corpo e novas ideias de mobilização do setor surgiram durante o Fórum. Segundo o diretor da SAE Regional Paraná e Santa Catarina (entidade nacional que congrega os profissionais da área), Wilson Lotério, a intenção, a partir de agora, é aprofundar as discussões, buscando aproximação com outros setores da sociedade, como os meios políticos e outros representantes da cadeia automotiva. Uma proposta de liberação da comercialização de carros a diesel, de autoria do senador Gerson Camata (PMDB), está em análise no Congresso Nacional e já recebeu parecer favorável da CCJ – Comissão de Constituição e Justiça. No entanto, não há previsão de votação da proposta em plenário. Por enquanto, somente caminhões e utilitários, além dos veículos com tração 4X4, podem ser movidos a Diesel no Brasil.

Fonte: Paranashop

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