sábado, 2 de julho de 2011

As deficiências da logística no Brasil

Os gargalos que as distribuidoras enfrentam, como o alto preço do frete e dos pedágios, risco de roubos de cargas e malha viária mal conservada e insegura, tornam o transporte pelo modal rodoviário ainda mais caro

Por Luiz Fernando Buainain

Transportar e distribuir medicamentos exige cuidados extremos para que, ao chegar às mãos do consumidor, o produto esteja com a qualidade inalterada. Controlar a temperatura, umidade e assegurar a integridade das embalagens pode não ser tão complicado em um caminhão, mas há milhares deles nas estradas, o que dificulta o controle e a fiscalização. Os gargalos que as distribuidoras enfrentam, como o alto preço do frete e dos pedágios, risco de roubos de cargas e malha viária mal conservada e insegura, tornam o transporte pelo modal rodoviário ainda mais caro. E todos pagamos o preço.

Partindo desta linha de raciocínio, por que não utilizar outro tipo de transporte para evitar estes problemas? A resposta não é tão simples. Para o transporte de grandes volumes e carga com produtos sensíveis de alto valor agregado, como é o caso dos medicamentos, a logística rodoviária ainda representa o melhor caminho. Os Estados Unidos, um país de grandes dimensões como o Brasil, também utilizam esse tipo de transporte majoritariamente, já que a flexibilidade e o fácil acesso dos caminhões a diversos tipos de lugares também são pontos que favorecem na hora da distribuição.

O Departamento de Transporte dos Estados Unidos avalia a eficiência desse modal por parâmetros como segurança, energia, oferta de transporte e meio ambiente. No Brasil, a questão da segurança é um capítulo à parte, já que os medicamentos estão entre as cargas mais visadas por quadrilhas altamente especializadas. Os preços elevados dos combustíveis, a alta média de idade da frota, muitos gastos com manutenção e o pequeno número de empresas que utilizam ferramentas de tecnologia da informação para ganhar em produtividade são outros fatores que contribuem para aumentar os custos, refletindo na perda de competitividade.

As alternativas ao transporte rodoviário não se apresentam como boas opções. Nosso país sempre foi carente de transporte ferroviário, com ferrovias mal distribuídas, sucateadas e concentradas na região Sudeste. Nas aeronaves, as despesas com combustíveis e manutenção são altas e não há possibilidade de transportar grandes volumes. Mais baratos que rodovias e ferrovias, as hidrovias e o transporte de cabotagem não chegam aos lugares mais distantes e de difícil acesso.

Com uma das maiores malhas viárias do planeta, o modal rodoviário também é o mais utilizado no Brasil para transporte de mercadorias entre os países do Mercosul. Diversos acordos buscaram maior facilidade, com trâmites fronteiriços simplificados e ampliação da segurança para a circulação de veículos e condutores. E mesmo com toda essa importância estratégica, a maioria das estradas brasileiras não oferece boas condições de trafegabilidade. Muitas não são nem asfaltadas.

Enquanto o transporte rodoviário de medicamentos for a melhor forma de abastecer cada cidade nos mais de 8,5 milhões de km² de extensão do território nacional, é preciso desenvolver melhorias contínuas na regulamentação do modal e nas estradas do País. O investimento no setor de transporte, como acontece lá fora, reflete no aumento da eficiência econômica de qualquer país. Assim, o medicamento pode ter um preço mais competitivo e, consequentemente, mais justo para o consumidor.

FONTE: Portal Administradores

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