Como tornar o custo do frete menos oneroso para o seu orçamento. Primeiramente, deve-se ter em mente que a negociação é uma das mais imprescindíveis ferramentas de negócio
Por Weslei Nunes com texto de Júlia Zillig
No orçamento das transportadoras e dos autônomos, os custos são enormes. Para cobri-los, a única fonte de receita é o frete. Para que muitas empresas e profissionais, conseguir uma remuneração justa e lucratividade com serviços prestados é uma tarefa desafiadora, pois, na grande maioria das vezes, eles são mal calculados ou até mesmo têm seu preço colocado no mínino por conta da concorrência, cada vez mais acirrada, o que tem feito com que o chamado “leilão dos fretes” aconteça frequentemente e em todas as regiões e segmentos. Mas como é possível fazer com que o frete não seja negativo em relação aos custos dos transportadores?
Existem alguns aspectos a serem considerados. Segundo Fernando Giúdice, consultor de empresas do mercado de transporte rodoviário de carga, o custo-frete será mais representativo quando for menor o preço da mercadoria transportada ou quando os produtos tiverem baixa densidade e o transportador cobrar um valor adicional em relação à cubagem, ou seja, à ocupação de espaço nas carrocerias dos caminhões. “Nem sempre o cliente está disposto a pagar o fator cubagem”, diz.
Um dos principais erros cometidos diz respeito à composição do preço do frete, do que deve ser levado em conta na hora de estipular esse valor. De acordo com o especialista, há diversas variáveis, e apenas algumas são levadas em consideração. “Infelizmente, a composição do valor do frete tem se restringido somente à análise dos custos fixos e variáveis que incidem sobre a operacionalização dos veículos de transferência de cargas e dos veículos utilizados nos serviços de coleta e de entrega de mercadorias. Quanto aos demais, que incluem despesas de terminais de carga, comerciais, financeiras e administrativas, acabam sendo invisíveis ao cliente, o que gera conflitos em relação ao preço de frete estipulado. Com isso, a negociação se restringe a um percentual quase sempre insuficiente para cobrir estas despesas indiretas”, explica o consultor.
Segundo ele, além de apresentar o orçamento demonstrado em planilha de custos, o transportador deve estreitar o relacionamento com o cliente, conquistando sua confiança ao oferecer garantias de qualidade, de segurança durante o remanejamento das cargas, de atendimento especial nos casos de urgência na distribuição de mercadorias, entre outros. “Sua satisfação tem uma conotação emocional que justifica preços, mesmo superiores aos praticados pela concorrência." Operar na faixa de prejuízo é um risco sem tamanho para os transportadores. E o “leilão dos fretes” tem feito muita gente desconsiderar esse fato. Na visão do consultor, muitas vezes é melhor deixar o trabalho nas mãos do concorrente. “Empresas que controlam seus custos têm consciência sobre até onde podem conceder descontos nos preços de forma que não prejudiquem o resultado econômico desejado. Se não houver receita marginal, com efetiva contribuição para a obtenção de lucro, é preferível deixar que o concorrente assuma os riscos de operar na faixa do prejuízo.”
Além da especulação de preços, há também a questão da falta de um contrato formal de prestação de serviços de transporte, o que faz com que muitas companhias migrem para outra transportadora que ofereça um valor de frete mais atrativo. “Isso traz vulnerabilidade ao transportador, principalmente quando é o momento de reajustar o preço do frete, seja por conta do perfil da carga, seja pela alteração na rede geográfica de distribuição de produtos, entre outros. No entanto, a empresa que opta por trabalhar com uma transportadora que ofereça fretes mais em conta acaba, em algum momento, voltando para aquela que cobra um preço acima, mas oferece serviços de qualidade. O frete é importante, porém não é fator determinante para a fidelização de clientes”, destaca Giúdice.
Uma estratégia que funciona para a realidade de algumas empresas é trabalhar focado no volume, ou seja, por escala. No mercado de transporte rodoviário de carga, isso pode ser um suicídio para a transportadora, de acordo com o especialista. “O transportador não dispõe de um estoque de serviços que lhe permite fazer promoções e operar com o rebaixamento de preços. Eventualmente, em rotas de baixa frequência no volume de cargas transportadas, a transportadora poderá estimular a venda de frete com preços mais atrativos", diz.
Felizmente, o cenário em relação ao problema do frete tende a melhorar. O consultor acredita que, com a terceirização da logística, a cadeia de abastecimento está sendo mais bem compreendida pelo tomador de serviços. “A instalação de centros de distribuição tornaram clara a importância do papel do transportador na movimentação de mercadorias. Além disso, com o aquecimento da economia, haverá uma distensão no processo das negociações de frete, pois a demanda por serviços de transporte está em alta, apesar da carência de mão de obra especializada. As empresas que não investirem na modernização dos processos devem desaparecer, e, com elas, os leiloeiros de frete”, conclui.
O que deve ser levado em conta para compor o preço de um frete?
- Características (tipo de mercadorias): se são cargas volumosas, com lastro, de fácil paletização com dimensões e embalagens uniformes, merecem cuidados especiais, se são de valor agregado etc.
- Processo de coleta e distribuição de mercadorias: quais são as regiões escolhidas, o lote de mercadoria que será coletado ou distribuído, frequência, tempo limite para a entrega, distância dos pontos de distribuição das cargas etc
- Processo de transferência de carga: tipo de veículo mais adequado para fazer o transporte, distância entre o local de origem e o de destino, existência de cargas de retorno nas viagens de transferência de mercadorias, e a contribuição do volume de mercadorias ofertadas para o aumento da produtividade.
FONTE: Revista Transporte Mundial
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