Apesar da desaceleração da economia, não há corrida na indústria para ampliação de férias coletivas neste final de ano.
Segundo empresas e sindicatos de trabalhadores, na maioria dos casos os períodos de folga serão semelhantes aos concedidos nos últimos anos.
Entre as exceções estão fabricantes de veículos, principalmente caminhões e ônibus, que esticaram o período em que a produção será interrompida.
Com vendas aquecidas neste final de ano e previsão de queda no primeiro trimestre de 2012, as montadoras de caminhões e ônibus aceleram a produção neste mês e já programam para janeiro férias coletivas de até 30 dias, maiores que as do ano passado, cuja período foi de 10 a 20 dias.
Na Scania, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, por exemplo, 80% dos 3.600 funcionários da produção entram em férias coletivas no dia 2 de janeiro e só voltam a trabalhar no dia 2 de fevereiro.
“Houve uma antecipação de compras este ano”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.
Em 2012, caminhões e ônibus passam a ser equipados com motores adaptados ao padrão Euro 5, que estabelecem menor emissão de poluentes.
Por serem menos poluentes, os veículos vão custar em torno 15% a mais do que os atuais. Para fugir do aumento dos preços, os empresários do setor anteciparam compras que fariam em 2012.
Com isso, as montadoras esperam uma redução nas vendas de caminhões em 2012, especialmente, no primeiro semestre.
Já no setor de eletroeletrônicos, cujas vendas também estão aquecidas, alguns fabricantes reduziram e até cancelaram as folgas de fim de ano.
A Tecnicolor, que produz modems e decodificadores para sinal de TV por satélite e cabo na Zona Franca de Manaus, é uma delas.
A empresa, que deu folga de dez dias aos funcionários em 2010, não vai parar neste final de ano. Hoje, a Tecnicolor emprega cerca de 780 pessoas, 60 a mais que em 2010.
“Vamos reforçar a produção para atender a demanda maior e fazer frente ao avanço dos equipamentos importados da China”, conta Wilson Périco, diretor da Tecnicolor.
A indústria química deve manter a mesma política praticada no ano passado. “Pode ser que uma ou outra empresa amplie, mas no geral os períodos de férias coletivas serão normais”, afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo. ”Não é assim de hoje para amanhã que se pode parar uma planta química.”
Na capital paulista, 215 empresas já comunicaram o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região que darão férias coletivas para quase 38 mil trabalhadores. Em 2010, os números eram mais modestos: 80 empresas e 16 mil pessoas.
“O período em que os trabalhadores ficarão de férias não aumentou”, diz o presidente do sindicato, Miguel Torres. Na maioria das empresas, a folga será de 10 a 20 dias.
Nas principais montadoras de automóveis instaladas no País, normalmente o período médio de férias coletivas era de 20 dias.
Em 2010, a média foi dez dias, porque as vendas estavam elevadas. Este ano, em setembro, Volkswagen, Fiat, Ford e Scania suspenderam temporariamente a produção para diminuir os estoques e se preparam para parar novamente.
A maioria dos 8 mil metalúrgicos da fábrica da Volks em São Bernardo do Campo para no próximo dia 26 e retorna no dia 3 de janeiro.
Mas não são férias coletivas, e sim compensação feita ao longo do ano, explica Sérgio Nobre, presidente do sindicato da categoria.
Na Ford, os trabalhadores de São Bernardo terão 23 dias de folga. Eles saem em coletivas no dia 12 e retornam no dia 30, que cai na sexta-feira.
Como esse pessoal tem credito no banco de horas e emendará com as férias, o retorno ao trabalho será em 4 de janeiro, segundo sindicalistas.
Fonte: O Estado de S. Paulo, Por Marcelo Rehder
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