Quatro companhias devem confirmar construção de unidades no Brasil e empresas  já instaladas ampliam capacidade produtiva.
Não é só o segmento de automóveis e comerciais leves que assiste a uma nova  onda de investimentos no Brasil. O setor de caminhões, que este ano terá vendas  recordes de cerca de 170 mil unidades, também repete o boom de novos projetos  observado nos anos 90.
Só no fim de semana, duas das grandes fabricantes instaladas no País, a  MAN/Volkswagen e a Ford anunciaram investimentos de R$ 1,5 bilhão em ampliação  de capacidade e novos produtos nos próximos cinco anos. Quatro novas fabricantes  - três chinesas e uma americana - confirmaram a construção de fábricas durante o Salão Internacional do Transporte (Fenatran), que ocorreu na semana passada no Anhembi, em São Paulo.
Além de ampliar a capacidade produtiva da fábrica de Resende (RJ) das atuais  82 mil para 100 mil unidades até 2014, o presidente da MAN, Roberto Cortes,  vislumbra a necessidade de uma nova fábrica caso o mercado interno continue  crescendo.
"Vamos negociar a nova unidade com o governo do Rio e com outros Estados",  afirma Cortes. "Se essa for a opção, nosso plano de investimento será bem  superior ao US$ 1 bilhão."
O novo aporte será aplicado na produção de veículos extra pesados da marca  MAN e na ampliação da linha Volkswagen. "Vamos entrar num segmento em que ainda  não atuamos", informa Cortes, sem dar detalhes. O grupo não tem veículos  pequenos, como as vans disponíveis nos concorrentes da marca.
A Ford separou R$ 455 milhões do programa total de R$ 4,5 bilhões que  aplicará no País até 2015 apenas para a unidade de caminhões em São Bernardo  Campo (SP), que já havia recebido aportes de mais de R$ 600 milhões. A empresa  também vai produzir um veículo hoje não disponível em sua gama, um extra pesado  com capacidade de transportar até 57 toneladas de carga.
Segundo Marcos de Oliveira, presidente da Ford Mercosul, o Brasil será o  primeiro País a produzir um caminhão desse porte para a marca. O veículo está  sendo desenvolvido por engenheiros do Brasil, Europa e Estados Unidos. "Vai ser  um caminhão global e futuramente poderá ser produzido em outros países."
Com produção prevista de 220 mil caminhões este ano, incluindo versões  destinadas à exportação, o Brasil está entre os cinco maiores fabricantes  mundiais e tem atraído novas empresas, principalmente asiáticas, fenômeno que  ocorre também com os carros de passeio.
Até 2015, quando projeta-se um mercado interno de 4 milhões a 5 milhões de  carros e comercias leves, o País receberá mais cinco fabricantes de automóveis  (Hyundai, Chery, JAC, Lifan/Effa e Suzuki). Três grupos que já atuam localmente  estão construindo novas filiais (Fiat, Nissan e Toyota).
No segmento de pesados, a projeção também é animadora diante de um cenário  mundial de incertezas na Europa e EUA. "De 2010 a 2020 o mercado brasileiro de  caminhões vai dobrar de tamanho", prevê Bernardo Fedalto, gerente da Volvo.
O País já abriga oito fábricas e receberá mais uma da Mercedes-Benz no início  de 2012 e outras quatro de grupos que vão estrear no mercado brasileiro: as  chinesas Foton Aumark, Schacman e Sinotruk e a norte-americana Paccar (leia ao  lado).
A General Motors, que fechou sua fábrica de caminhões há dez anos, quer  retomar a atividade.
Conversão. Limitada pelo espaço físico no complexo de São Bernardo (SP), onde  a capacidade produtiva atingirá 75 mil unidades em 2012, a Mercedes-Benz decidiu  converter sua ociosa fábrica de automóveis em Juiz de Fora (MG) em mais uma  unidade de caminhões. A filial será inaugurada em janeiro com previsão de  produzir 15 mil caminhões Actros (hoje importado) e Acello, volume que chegará a  50 mil até fins de 2012. A ampliação do ABC e a conversão da fábrica mineira  estão incluídas num plano de investimento de R$ 1,5 bilhão até 2013.
Até setembro, foram vendidos no País 129,9 mil caminhões - alta de 15,9% ante  igual período do ano passado. A expectativa é de que as vendas cheguem a 170 mil  unidades até dezembro, em razão de uma esperada corrida às concessionárias  nesses últimos meses para adquirir veículos com a tecnologia Euro 3, mais barata  que a Euro 5, que passa a ser obrigatória em 2012.
Essa antecipação deve provocar retração nas vendas de 2012, em cerca de 10%,  preveem as montadoras. "Ainda assim, 2012 será o segundo melhor ano da  história", diz Fedalto.
Além da nova tecnologia para atender as normas de emissões do padrão  internacional Euro 5, determinadas pelo Proconve, as montadoras mostram na  Fenatran novidades como o caminhão conceito Glider, da Iveco, que entre as  curiosidades têm os retrovisores substituídos por câmeras, e o sistema  Dynafleet, da Volvo, que permite ao frotista verificar dados operacionais do  veículo por meio de um computador conectado à internet.
Fonte: Cleide Silva / O Estado de S.Paulo

 
 
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