A taxa de motorização média no Brasil,  hoje, é da ordem de 154 veículos por 1.000 habitantes. Na Europa, são mais de  500, e alguns setores acham que deveríamos investir para atingir esse  nível.
Porém, por mais que as montadoras e os fornecedores de autopeças se  esforcem para isso, existem pelo menos dois fortes empecilhos que independem  deles: a renda média do brasileiro e o preço dos carros no Brasil.
A renda  média do trabalhador brasileiro é muito menor que a do colega que vive num país  europeu.
O automóvel ainda é um sonho de consumo distante para a maioria dos  brasileiros. Mesmo a taxa estimada para 2020, de 250 veículos por 1.000  habitantes, já é alta em relação à renda média do brasileiro, considerando o  grande motor atual da economia brasileira: a compra a prestações, com longos  prazos.
Esses financiamentos de 50 ou 60 meses não existem em países  avançados, mas são eles que permitem ao trabalhador que recebe dois ou três  salários mínimos comprar seu carrinho.
O segundo empecilho é o alto preço dos  carros no Brasil. O preço de um automóvel embute impostos da ordem de 40% do  total, enquanto nos Estados Unidos essa carga não passa de 6%, e um pouco mais  na Europa.
Assim, um carro de R$ 30 mil comercializado no Brasil pode ser  comprado na Europa por menos de R$ 20 mil. Cabe refletir se é bom para o país  chegar aos 250 veículos por habitante tendo em vista o caos atual no trânsito  das cidades e grandes metrópoles brasileiras.
Mesmo na Europa, já há  movimentos no sentido de reduzir a quantidade de carros, substituindo-os por  outros meios de transporte ou veículos coletivos. Lá, as ciclovias funcionam e o  transporte coletivo tem qualidade.
Vender mais carros é bom para as  montadoras, mas talvez seja melhor investir em estratégias de exportação do que  jogar mais veículos para entupir as já sofridas ruas das metrópoles.
Fonte: Folha de São Paulo por Ronaldo de Breyne Salvagni, que é professor da Escola Politécnica da USP.

 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário