Pirelli revela como seus pneus são preparados para as  ruas do Brasil
A tecnologia utilizada segue os mais avançados conceitos e padrões mundiais,  mas, no fim das contas, a receita ganha um tempero bem brasileiro. Assim são os  pneus produzidos pela Pirelli no país. Durante uma interessante visita ao Centro  de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, em Santo André (SP), pudemos conhecer  de perto um pouco mais sobre esse universo cheio de segredos.
“Existe a necessidade de um centro como esse no Brasil porque os produtos  precisam de uma concepção específica. Quando um novo composto está sendo  desenvolvido, temos de levar em conta, por exemplo, as características do piso,  as elevadas temperaturas das regiões norte e nordeste, o alto índice  pluviométrico nacional e até mesmo o tipo de condução do brasileiro, em geral  mais esportivo que o de outros povos”, explica Roberto Falkenstein, diretor de  Pesquisa e Desenvolvimento da Pirelli na América Latina.
Por conta de fatores como esses, os produtos da marca à venda no país  precisam de uma carcaça mais resistente que as fabricadas na Europa, além de um  composto de borracha adequado às condições brasileiras. As matérias-primas  locais também tornam os pneus feitos aqui sensivelmente diferentes dos de fora.
“A borracha natural, produzida no Estado de São Paulo, não é exatamente igual  à da Malásia, por exemplo. Isso basicamente por conta do clima e do tipo de  solo. Outros materiais distintos são a sílica e os acelerantes que usamos para  facilitar o processo de vulcanização. Esses elementos também tornam nossos pneus  diferentes dos de nossas outras fábricas pelo mundo e também exigem um  desenvolvimento específico”, comenta Falkenstein.
O começo de tudo
Uma prateleira com vários tipos de materiais guardados em potes, mantas de  borracha e diversos equipamentos, só para resumir. Assim é a sala de compostos,  onde novos tipos de formulações começam a ser avaliados. Cada uma delas é  transformada em corpo de prova e submetida a testes específicos. Em formato que  lembra o de uma roldana (ou de um micro pneu), alguns desses corpos de prova  passam por testes de atrito enquanto rodam sobre materiais abrasivos.
Compostos são a receita que indicam, entre outras  coisas, a resistência e elasticidade dos  pneus
Em outro teste, o composto em estudo é submetido a diversas temperaturas para  que seja possível medir a dinâmica da nova formulação. Há ainda fornos que  simulam o envelhecimento do material, que, na sequência disso, passa por uma  série de provas que indicam sua qualidade depois da fadiga.
“Aqui podemos medir  como o composto se comportaria no molhado, como seria sua aderência, o quanto é  elástico e qual o nível de conforto que poderia oferecer, por exemplo”, explica  o diretor.
Há também ensaios que avaliam a adesão do composto à malha de aço. Além dela,  malhas de nylon ou poliéster também são utilizadas nas camadas dos pneus  convencionais. Já os de competição produzidos pela empresa utilizam aramida,  material mais leve e elástico que o aço que também é usado na blindagem de  veículos.
Da prova ao pneu
Depois de passar pelas avaliações preliminares, os novos compostos se  transformam em pneus, que seguem em testes no laboratório in door da Pirelli.  Ali está todo o maquinário que avalia uma série de fatores: comportamento do  pneu rodando no limite de velocidade e também pouco acima dele, medição de  forças laterais e resistência ao torque, simulação de carga lateral (como o  contato com as guias das ruas), resistência da banda de rodagem à laceração,  bateria de testes depois de passar pela câmera de envelhecimento (forno),  análise xerográfica (que verifica se há bolhas internas ou descolamentos entre  camadas), teste de detalonamento e resistência à perfuração (não exigidos pela  norma brasileira) e teste de resistência ao rolamento, entre outros.
Passam por ali tanto os pneus com novas formulações quanto produtos que estão  no mercado. Os novos compostos aprovados seguem para testes de rodagem e podem  passar a ser produzidos em uma das unidades da Pirelli no país. A produção local  representa 88% da operação da empresa na América Latina. Além disso, 20% do que  sai das fábricas brasileiras da Pirelli segue para os países do Nafta.
Confira  onde cada tipo de pneu é produzido:
Gravataí (RS): motos, caminhões e ônibus, segmento  industrial (empilhadeiras e tratores) e veículos de passeio (produção pequena de  pneus diagonais) 
Feira de Santana (BA): veículos de passeio e esportivos,  camionetes e caminhões 
Santo André (SP): OTR (agrícola, fora-de-estrada, trator,  mineração e máquinas industriais), caminhão e ônibus 
Campinas (SP): veículos de passeio e competição 
Sumaré (SP): cordas metálicas (malha de aço)
Fonte: Auto-Esporte

 
 
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