segunda-feira, 18 de julho de 2011

Gerenciamento de risco é alvo de queixas de transportadores


PGRs complicados e múltiplos, exigências das seguradoras e dificuldades técnicas com rastreadores são principais reclamações das empresas de transportes

O sistema de gerenciamento de risco necessário para diminuir o impacto do roubo de cargas no transporte brasileiro está se transformando em um pesado fardo a ser carregado pelas empresas que operam em nosso País. As transportadoras são obrigadas a investir, em média, 15% de seu faturamento em ações de segurança e gestão de riscos, como seguros, sistemas de rastreamento, escolta, procedimentos de prevenção, cadastros de motoristas e empregados operacionais e tantos outros itens para tentar não ser vítimas das quadrilhas de roubo de cargas.

Em todo o Brasil, o crime organizado gerou mais de R$ 1 bilhão em prejuízos para o transporte e a logística por meio do roubo de cargas, engordando as estatísticas da violência e espalhando o medo e a desconfiança no cenário do transporte nacional. Hoje, não se transporta uma carga que não esteja segurada com pelo menos uma apólice e resguardada por um forte esquema de segurança.

O tema da insegurança no transporte brasileiro é antigo e complexo. São muitas as preocupações e obrigações para as transportadoras. O sistema de gerenciamento de risco em oferta hoje no País apresenta falhas e práticas nada simpáticas às empresas operadoras do transporte. Rastreadores perdem o sinal, centrais de gerenciamento não conseguem atender à demanda, seguradoras e corretoras impõem diversos entraves e procedimentos por meio do Planos de Gerenciamento de Risco.

“Uma empresa de transporte de carga fracionada, por exemplo, pode ter que cumprir até 74 procedimentos de gerenciamento de risco todos os dias. Isso é humanamente impossível. Além disso, o transportador tem que consultar os dados do motorista e pagar por isso em 18 cadastros diferentes. Seria muito mais lógico unificar os cadastros”, disse Urubatan Helou, presidente da transportadora Braspress, em um evento sobre gerenciamento de risco realizado nesta quinta-feira em São Paulo pelo SETCESP, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.

Helou expôs a uma plateia com mais de 300 pessoas, formada por empresários do transporte, representantes de seguradoras e corretoras de seguros, profissionais e empresários do gerenciamento de risco, imprensa e convidados do SETCESP. Ele evidenciou a situação das transportadoras, que estão tendo que despender tempo e energia para cumprir os planos de gerenciamento de risco. “Muitas vezes o gerenciamento de risco demora mais que a própria operação de carregar ou descarregar o caminhão. Além disso, estamos vivendo uma situação de compra casada, já que o os gerenciadores de risco apareceram por uma exigibilidade das seguradoras. Afinal, qual é o papel das gerenciadoras, se as transportadoras já têm procedimentos para cumprir as obrigações do seguro? “, indaga o empresário.

Para os transportadores, algumas soluções parciais podem ajudar a minimizar os problemas. “Uma dessas soluções seria unificar os cadastros por meio de uma entidade de classe que represente todas as empresas de gerenciamento de risco. Outra solução é unificar e padronizar os PGRs. Uma solução definitiva seria a desobrigação compulsória do RCTRC. Acho um absurdo ser obrigado a fazer um seguro que no meu entendimento deveria ser facultativo. É esta obrigatoriedade que leva no nosso setor a essas deformações”, complementa Urubatan Helou.

Fonte: Leonardo Andrade,  Portal Transporta Brasil

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